quinta-feira, 6 de maio de 2010

O início...

No início éramos apenas mais um. Mais um que se encontrava pelas ruas, mais um na padaria da esquina, mais um no cotidiano do bairro Industrial. Entre as nossas escolhas nos esbarramos no atrevimento de arriscar em danças. Foi em um desses salões da vida que demos os primeiros passos nessa arte do encontro.
Chegamos com nossos sapatos lustrados, olhares desconfiados, coração a mil. Alguns vieram com seus pares, esposas, outras, sozinhas, estavam inseguras por medo de não conseguir encontrar o seu par na dança.

Primeiro impacto!

Os pés, agora, estão descalços, os pares se tornaram uma unidade só: um corpo de dança. Corpo que dança! Corpo que ocupa o espaço em todas as direções, rolam no chão, arriscam uma cambalhota. Corpo que se produz na criação de uma linguagem sensível.



Nessa dança alongamos em conjunto, aprendemos sequencias de movimentos que vão de cima a baixo, do céu ao chão, fazendo desenhos com os braços, as pernas, a coluna...com toda nossa anatomia.

Nessa dança fazemos pares, trios, quartetos, improvisando formas a partir do contato com o corpo do outro.

Nessa dança arriscamos a Terceira Dança!




O início se deu através do Projeto Arena da Cultura, da Fundação Municipal de Cultura de Belo Horizonte, em 2008.
O Projeto oferecia uma proposta de dança muito diferente da que pensávamos encontrar. Muitos nem sabiam o que seria a dança contemporânea. Porém, tivemos a curiosidade de experimentar...


Experimentar o peso, o volume, a densidade do corpo no espaço. Experimentar espreguiçar, abrir os braços, torcer o corpo, enrolar a coluna, soltar o quadril, massagear os pés, rolar pelo chão. Experimentar tocar outros corpos, sentir outras sensações, criar movimentos. Experimentar-nos!


A dança nos mostrou que não há barreiras.
A dança nos ensinou a criar espaços.
A dança deu asas a nossa imaginação.
A dança abriu caminhos para nossos sonhos...



Pela dança contemporânea aprendemos a inspirar, expirar, enraizar os pés no chão, trabalhar o centro do corpo, organizar o corpo no espaço.
Pela dança contemporânea nos colocamos em processo de criação, de composição, de inspiração.









Porém, o Projeto Arena da Cultura paralizou suas atividades em 2009, por tempo indeterminado. Neste momento a dança pulsava dentro de nós com o nosso coração, como se fizesse parte do nosso próprio corpo. Resolvemos não paralizarmos nossa dança também, por questão de sobrevivência. Continuamos a nos encontrar e nos organizar para articular um grupo autogestor, que caminhasse a passos de dança. Criamos o Terceira Dança!




3 comentários:

  1. "A dança nos mostrou que não há barreiras.
    A dança nos ensinou a criar espaços.
    A dança deu asas a nossa imaginação.
    A dança abriu caminhos para nossos sonhos..."

    Acompanhei o começo, a euforia, a alegria, o desatino de querer mais. E te ter encontrado nos professores e no grupo mais uma forma de gritar para o mundo inteiro: Eu sou artista!

    Acompanhei os momentos de dificuldade, as lágrimas e o contínuo desejo de querer mais ainda. Porque ainda estava pouco.

    Também fiquei triste quando tudo parou.

    E não havia tempo para que eu pudesse me dedicar e dar um pouco do meu tempo para ajudar, para abraçar.

    Restou desejar, torcer e pedir muita luz para que tudo desse certo. Para que esse incrível grupo camaleônico se recriasse, se reiventasse.

    E esta aqui o novo começo ou só o começo?

    Um beijo no coração!
    Camila Veridiana.

    ResponderExcluir
  2. Mulheres e homens que descobriram na dança o ato de enchergar as dificuldades e os desafios de um angulo diferente. Que inspiravam a vida no proprio movimento, e que de repente o movimento passou a fazer parte da vida. Este é um dos efeitos que a danca tem, inspirar no corpo os desejos da alma, e captar no corpo o que se carrega na vida. Foi um trabalho de extrema importancia e descoberta para este grupo.

    ResponderExcluir